terça-feira, 28 de abril de 2015

Texto #24

É certo que a liberdade de expressão é suporte vital de qualquer democracia. Mas, será que esse direito universal está sendo utilizado de forma correta pelo homem? A falta de respeito à opinião do outro e a reprodução de discursos preconceituosos, principalmente em redes sociais, evidenciam a necessidade de submeter a liberdade de expressão à ética.

Segundo o filósofo francês Voltaire, não é necessário concordar plenamente com a ideia do outro, e sim defender o direito de voz dele. Entretanto, observa-se que o homem contemporâneo está cada vez mais distante dessa máxima iluminista. É frequente perceber o tom inflamado e grosseiro usado nas redes sociais. As pessoas expõem suas opiniões, mas não conseguem ouvir a resposta do outro, ainda mais quando esta é contrária a sua.

É cada vez mais raro a discussão cordial e saudável. Os debates são sensacionalistas e discriminatórios. A intolerância se manifesta por meio de um humor pejorativo. Piadas de caráter machista, racista, homofóbico e de intolerância religiosa demonstram como o homem não aceita a diferença do outro. Consequentemente, tal atitude prejudica o exercício pleno da democracia, visto que todo ser humano está inserido em um mundo multicultural.

Diante disso, é notório que a liberdade tem de coexistir com a responsabilidade e a ética. Portanto, é importante que o indivíduo aprenda a conviver com o que lhe é diferente. Para isto, o Estado, por meio da educação, e a família devem estar juntos em um processo de construção de valores e princípios que começa desde a infância. Ademais, a mídia precisa desvincular os esteriótipos que só favorecem ao prejulgamento de determinados grupos sociais. Por fim, a sociedade deve entender que, como disse o filósofo Immanuel Kant, gosto se discute sim, visto que discutir é diferente de disputar.