domingo, 26 de agosto de 2012

Ponto de vista

Enquanto meu ônibus não chega, fico pensando na seguinte questão: por mais que as pessoas achem que todos os dias são iguais, sempre acontece alguma coisa na qual podemos olhar sob uma perspectiva diferente. O ponto de ônibus, por exemplo, pode nos fazer pensar sempre nas mesmas coisas, presenciar os mesmos eventos. Mas, na verdade, aquilo que é ponto de partida também é ponto de chegada e só isso basta para que todos os dias o nosso chamado cotidiano seja completamente diferente.

Aqui, no banco de espera, várias histórias são contadas, apreciadas, criticadas e compartilhadas. Casos tristes ou engraçados são interrompidos pela chegada do seu ônibus e a curiosidade e imaginação tomam conta da mente, na expectativa de saber como termina a história. É no ponto de ônibus que se fala mal da cidade, do prefeito, do ônibus, do atraso. É onde se cultiva paciência ou onde se perde. É um lugar para ler, para pensar na vida, para organizar o dia, a semana, os pagamentos do mês. Onde se fazem novas amizades, troca de telefones, endereços, contato para uma nova tentativa de emprego. E até mesmo, não pensar em nada.  

E os destinos? Uns vêm, outros vão! Se cruzam... Uns estão sempre muito ocupados, com a correria da vida e, muitas vezes, nem prestam atenção no outro. Você fala “bom dia”, na esperança de realmente desejar um bom dia ao próximo, entretanto, ele entende como uma obrigação de etiqueta e te devolve uma cara ranzinza, e você percebe que não houve reciprocidade nenhuma. Se é ponto de chegada, se é ponto de partida, não podemos dizer com precisão, pois, como disse o filósofo Leonardo Boff, “todo ponto de vista é a vista de um ponto”. Bem, agora eu paro por aqui. Amanhã é outro dia, pode ser que as coisas se repitam, porém não vai ser da mesma forma. Meu ônibus chegou...

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