domingo, 14 de outubro de 2012

Meu quarto

Vontade de escrever, mas não tenho palavras. Vontade de gritar, mas não tenho voz. Vontade de ir embora, mas não tenho pra onde ir. Vontade de chorar, mas não tenho lágrimas. Vontade de sorrir, mas não tenho motivos. Vontade de esquecer, mas tenho passado. Vontade de viver, mas é só vontade... Como é ruim ser covarde e ficar só reclamando da vida, dizendo o que quero e o que não quero, mas não fazendo nada. Nada, esse é o problema. O problema é que não faço nada e, que no fundo, não quero nada. Porque se eu quisesse alguma coisa, eu faria. Pior ainda é reconhecer e continuar nessa mesmice. Como sou hipócrita e ridícula... Essa monotonia, essa nostalgia, esse tédio... Toda sexta lembrar de noites que não voltam, todo sábado lembrar de dias que nunca voltam, todo domingo lembrar daquelas tardes... Ah, que saudade. Saudade do tempo em que estudar era prazeroso, que estar em casa era confortável, que ir na rua era passatempo.

Mas onde estou? Estou presa... Estou sendo sugada pelos buracos negros de cada canto desse quarto frio, empoeirado, bagunçado... Há papel pra todo lado, músicas inacabadas, textos rascunhados... Lembro-me daquela música em que o cantor dizia "é melhor você começar algo que possa terminar", e sinto-me tão pequena e inútil  porque nunca termino. As vezes tenho esses picos de felicidade, esses picos de solidão... Estou rodeada por uma galera incrível, mas ainda me sinto sozinha. Esse vazio que me consome há tempo, vai e volta... Sempre volta... Cansei desse lugar, quero viajar, conhecer novos mundos, sumir, só pra ver quem vem atrás de mim... Será que se eu fugisse alguém me procuraria? Que texto mais idiota, superficial, frio, insensível, tão quanto a minha vida, sem nexo, sem sequência... Isso tudo é só mais um exemplo de como não consigo concluir as coisas. Mal consigo terminar um texto, como vou terminar a minha história? Quero um futuro, quero um canto, um colo, um pedaço... Quero vida, minha vida.

2 comentários:

  1. Bem-vinda ao clube dos lobos solitários. As portas estão abertas para compartilhar o inverno e esperar por primaveras que estão por vir.

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  2. É bom ter um espaço, é bom ter um cantinho. Meu corpo é muito pequeno pra caber todas essas palavras que se tornam um turbilhão na minha corrente sanguínea. Acho que não falo mais coisa com coisa, talvez só esteja me tornando uma escritora.

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