segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dias curtos, noites longas

Dias curtos, noites longas. O sol já não brilha tanto quanto antigamente, está desgastado. As janelas desse quarto não funcionam mais também, tudo perdeu o equilíbrio. E a noite, esfria rápido. Antes, as paredes desse cubículo eram quentes. Hoje, tão geladas quanto o vento que sopra aqui dentro. Este sopra não para refrescar, pois não há mais calor. Sopra para me lembrar que o vazio existe, porque o barulho do silêncio é o sopro, é a brisa. Durante esses dias, a vontade de escrever cresce, como se minhas palavras, ao beijarem o vento, trouxessem de volta um pouco de luz ao quarto.

Os buracos vão ficando mais profundos, úmidos,  escuros. Dentro de cada canto, há uma história, uma foto, uma peça do quebra-cabeça que é a minha vida. A lembrança traz uma saudade enorme de amigos e momentos que nunca voltarão. A infância já se foi, e com ela todo o fogo que eu colocava nesse lugar. Vieram as responsabilidades terrenas e me esqueci da minha alma. A maior responsabilidade da vida de um homem não são as contas a pagar, é viver, é amar.

Você não deve ter um alguém para amar. Você deve ser alguém que ame. Ame a vida, isto é, ame você. Talvez seja por causa desses pensamentos egoístas que eu esteja trancada aqui, e é por isso que muitas pessoas julgam a  solidão. Acho que são ingratas por não lembrarem que a solidão,  o sopro, o vento, o vazio, o nada e o tédio preenchem esses buracos. Não sei por mais quanto tempo pretendo ficar aqui, bolando teorias e não as aplicando. Porque falar é bom, beijar o vento é melhor ainda, mas tocar o vento com o coração é muito mais prazeroso.

As palavras ficam sem ordem porque as vezes o escuro embaça a visão e não há como entender o que falo, pois sim, preciso enxergar a minha voz. Preciso saber o que estou falando. Nesse momento, não sei de nada, só sei que são dias curtos, noites longas. O sol já não brilha tanto quanto antigamente...

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