quarta-feira, 31 de maio de 2017

[Sobre preconceito]


Hoje eu estava num carro parada num engarrafamento. O motorista estava apressado, pois, assim como os outros, também queria avançar logo. No momento de por o carro pra andar, um pedestre apareceu querendo atravessar a rua e eis que o motorista disse: "Tinha que ser essa bichinha".

Eu, gentilmente, perguntei: "Senhor, o senhor tem noção de que este seu comentário é preconceituoso?".

A pessoa me respondeu: "Mas eu conheço esse rapaz".

Então eu indaguei: "O senhor tem intimidade para tratá-lo assim? São amigos? Porque eu duvido que ele tenha permitido que o senhor se refira a ele assim".

Ele se alterou um pouco e me disse: "Se você não quer andar com alguém preconceituoso, levante-se e saia do carro".

Eu respondi apenas: "Não se combate o preconceito simplesmente desistindo das pessoas. Se você pensa assim e eu tenho oportunidade de te ajudar a ser uma pessoa respeitosa, então é isso que eu vou fazer. Eu não quero parar de conviver com preconceituosos me afastando. Eu quero parar de conviver com preconceituosos no sentido de ainda acreditar que as pessoas podem se desprender da intolerância e do discurso de ódio, e aí sim não conviver mais com pessoas preconceituosas, pelo fato delas terem deixado de ser".

Seguimos o restante do percurso em silêncio.

Pessoas preconceituosas sabem que são preconceituosas e ficam nervosas quando questionadas.

"Eu não tenho preconceito contra gay, tenho até um amigo que é." Nossa, meus parabéns, você bateu sua cota de amigo gay e isso não te faz mais homofóbico.

Não é assim, gente, não mesmo.

Pra você que acha que isso é mimimi, saiba que são esses discursos e comportamentos que legitimam o preconceito.

Não dê voz a isso.

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